Ótima Surpresa. Raymundo Souza Dantas, O Globo, sobre Ideias para Onde Passar o Fim do Mundo, de João Almino

/

O GLOBO, Segundo Caderno, Domingo, 18 de outubro de 1987

RAYMUNDO SOUZA DANTAS

João Almino. IDÉIAS PARA ONDE PASSAR O FIM DO MUNDO. Romance. Editora Brasiliense, 206 pgs. CZ$ 385.

Este romance, ou melhor dizendo, este texto romanesco, com acento ensaístico a começar pelo próprio título, é uma boa surpresa, tanto pelo conteúdo, quanto pela escrita. João Almino produziu um livro saboroso, além de insólito, repleto de situações muitas delas divertidas, mas também dramáticas e líricas. Representa um bem sucedido exercício de inteligência e de imaginação, estando tudo, neste livro, devidamente dosado, constituindo-se, por isso e por muitos outros ingredientes absolutamente originais, numa boa e instigante surpresa.

O narrador, também personagem, pois está envolvido no processo que o livro representa, é um escritor-defunto. Volta à Terra, não para narrar sua morte, ou contar suas memórias, mas para dar continuidade ao texto interrompido com a sua morte. 0 material desse texto, suas motivações e razão de ser, são o destino de um grupo de pessoas que aparecem numa velha fotografia. Esta velha fotografia é o ponto de partida da narrativa especulante, que o escritor-defunto desenvolve como se fosse um roteiro de cinema, abordando dramas e sentimentos de pessoas que se debatem em busca de duas verdades, participando de uma aventura cheia de engodos, como a própria narrativa.

Tem o livro, como cenário, uma Brasília entre real e utópica, com seus mistérios sem história e sua história sem passado. Em seus espaços, os personagens, notadamente os que aparecem no velho retrato, empenham-se em buscas que se revelam frustrantes, cabendo-lhes como destino não a felicidade almejada, mas a completa alienação. Talvez tenha razão o autor-defunto, valendo-se de sua dupla experiência, deste e do outro mundo, quando, no fim de sua narrativa, afirma que a vida é só uma brincadeira, às vezes de mau gosto.

“Idéias para onde passar o fim do mundo” é, sem dúvida, um dos melhores livros de autor brasileiro, nesta safra muito pobre de bons livros nacionais. Exige várias leituras, inclusive de caráter político. Destaque-se a ascensão de um negro à Presidência da República, possibilidade viável embora remota, digna de maior atenção. O livro, enfim, merece destaque, pelas suas qualidades e sabor.

O GLOBO, Segundo Caderno, Domingo, 18 de outubro de 1987

RAYMUNDO SOUZA DANTAS

João Almino. IDÉIAS PARA ONDE PASSAR O FIM DO MUNDO. Romance. Editora Brasiliense, 206 pgs. CZ$ 385.

Este romance, ou melhor dizendo, este texto romanesco, com acento ensaístico a começar pelo próprio título, é uma boa surpresa, tanto pelo conteúdo, quanto pela escrita. João Almino produziu um livro saboroso, além de insólito, repleto de situações muitas delas divertidas, mas também dramáticas e líricas. Representa um bem sucedido exercício de inteligência e de imaginação, estando tudo, neste livro, devidamente dosado, constituindo-se, por isso e por muitos outros ingredientes absolutamente originais, numa boa e instigante surpresa.

O narrador, também personagem, pois está envolvido no processo que o livro representa, é um escritor-defunto. Volta à Terra, não para narrar sua morte, ou contar suas memórias, mas para dar continuidade ao texto interrompido com a sua morte. 0 material desse texto, suas motivações e razão de ser, são o destino de um grupo de pessoas que aparecem numa velha fotografia. Esta velha fotografia é o ponto de partida da narrativa especulante, que o escritor-defunto desenvolve como se fosse um roteiro de cinema, abordando dramas e sentimentos de pessoas que se debatem em busca de duas verdades, participando de uma aventura cheia de engodos, como a própria narrativa.

Tem o livro, como cenário, uma Brasília entre real e utópica, com seus mistérios sem história e sua história sem passado. Em seus espaços, os personagens, notadamente os que aparecem no velho retrato, empenham-se em buscas que se revelam frustrantes, cabendo-lhes como destino não a felicidade almejada, mas a completa alienação. Talvez tenha razão o autor-defunto, valendo-se de sua dupla experiência, deste e do outro mundo, quando, no fim de sua narrativa, afirma que a vida é só uma brincadeira, às vezes de mau gosto.

“Idéias para onde passar o fim do mundo” é, sem dúvida, um dos melhores livros de autor brasileiro, nesta safra muito pobre de bons livros nacionais. Exige várias leituras, inclusive de caráter político. Destaque-se a ascensão de um negro à Presidência da República, possibilidade viável embora remota, digna de maior atenção. O livro, enfim, merece destaque, pelas suas qualidades e sabor.

O GLOBO, Segundo Caderno, Domingo, 18 de outubro de 1987

RAYMUNDO SOUZA DANTAS

João Almino. IDÉIAS PARA ONDE PASSAR O FIM DO MUNDO. Romance. Editora Brasiliense, 206 pgs. CZ$ 385.

Este romance, ou melhor dizendo, este texto romanesco, com acento ensaístico a começar pelo próprio título, é uma boa surpresa, tanto pelo conteúdo, quanto pela escrita. João Almino produziu um livro saboroso, além de insólito, repleto de situações muitas delas divertidas, mas também dramáticas e líricas. Representa um bem sucedido exercício de inteligência e de imaginação, estando tudo, neste livro, devidamente dosado, constituindo-se, por isso e por muitos outros ingredientes absolutamente originais, numa boa e instigante surpresa.

O narrador, também personagem, pois está envolvido no processo que o livro representa, é um escritor-defunto. Volta à Terra, não para narrar sua morte, ou contar suas memórias, mas para dar continuidade ao texto interrompido com a sua morte. 0 material desse texto, suas motivações e razão de ser, são o destino de um grupo de pessoas que aparecem numa velha fotografia. Esta velha fotografia é o ponto de partida da narrativa especulante, que o escritor-defunto desenvolve como se fosse um roteiro de cinema, abordando dramas e sentimentos de pessoas que se debatem em busca de duas verdades, participando de uma aventura cheia de engodos, como a própria narrativa.

Tem o livro, como cenário, uma Brasília entre real e utópica, com seus mistérios sem história e sua história sem passado. Em seus espaços, os personagens, notadamente os que aparecem no velho retrato, empenham-se em buscas que se revelam frustrantes, cabendo-lhes como destino não a felicidade almejada, mas a completa alienação. Talvez tenha razão o autor-defunto, valendo-se de sua dupla experiência, deste e do outro mundo, quando, no fim de sua narrativa, afirma que a vida é só uma brincadeira, às vezes de mau gosto.

“Idéias para onde passar o fim do mundo” é, sem dúvida, um dos melhores livros de autor brasileiro, nesta safra muito pobre de bons livros nacionais. Exige várias leituras, inclusive de caráter político. Destaque-se a ascensão de um negro à Presidência da República, possibilidade viável embora remota, digna de maior atenção. O livro, enfim, merece destaque, pelas suas qualidades e sabor.

O GLOBO, Segundo Caderno, Domingo, 18 de outubro de 1987

RAYMUNDO SOUZA DANTAS

João Almino. IDÉIAS PARA ONDE PASSAR O FIM DO MUNDO. Romance. Editora Brasiliense, 206 pgs. CZ$ 385.

Este romance, ou melhor dizendo, este texto romanesco, com acento ensaístico a começar pelo próprio título, é uma boa surpresa, tanto pelo conteúdo, quanto pela escrita. João Almino produziu um livro saboroso, além de insólito, repleto de situações muitas delas divertidas, mas também dramáticas e líricas. Representa um bem sucedido exercício de inteligência e de imaginação, estando tudo, neste livro, devidamente dosado, constituindo-se, por isso e por muitos outros ingredientes absolutamente originais, numa boa e instigante surpresa.

O narrador, também personagem, pois está envolvido no processo que o livro representa, é um escritor-defunto. Volta à Terra, não para narrar sua morte, ou contar suas memórias, mas para dar continuidade ao texto interrompido com a sua morte. 0 material desse texto, suas motivações e razão de ser, são o destino de um grupo de pessoas que aparecem numa velha fotografia. Esta velha fotografia é o ponto de partida da narrativa especulante, que o escritor-defunto desenvolve como se fosse um roteiro de cinema, abordando dramas e sentimentos de pessoas que se debatem em busca de duas verdades, participando de uma aventura cheia de engodos, como a própria narrativa.

Tem o livro, como cenário, uma Brasília entre real e utópica, com seus mistérios sem história e sua história sem passado. Em seus espaços, os personagens, notadamente os que aparecem no velho retrato, empenham-se em buscas que se revelam frustrantes, cabendo-lhes como destino não a felicidade almejada, mas a completa alienação. Talvez tenha razão o autor-defunto, valendo-se de sua dupla experiência, deste e do outro mundo, quando, no fim de sua narrativa, afirma que a vida é só uma brincadeira, às vezes de mau gosto.

“Idéias para onde passar o fim do mundo” é, sem dúvida, um dos melhores livros de autor brasileiro, nesta safra muito pobre de bons livros nacionais. Exige várias leituras, inclusive de caráter político. Destaque-se a ascensão de um negro à Presidência da República, possibilidade viável embora remota, digna de maior atenção. O livro, enfim, merece destaque, pelas suas qualidades e sabor.