Samba-Enredo, de João Almino, por Jorge Schwartz

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Este novo romance de João Almino – autor também do instigante Idéias para onde passar o fim do mundo (1987) -, consegue aquilo que, para muitos, pareceria impossível: apresentar e discutir, pelo viés da alegoria, o cada vez mais incongruente Brasil dos anos noventa.

O carnaval que atravessa o romance tem Brasília e seu torvelinho de intrigas amorosas e palacianas, como espaço privilegiado. A trama – passo a passo narrada, ou registrada, por um computador apaixonado por sua dona, uma escritora – tem por centro o seqüestro e as relacões amorosas e clandestinas do Presidente do Brasil, Paulo Antonio Fernandes. A máquina de narrar, humanizada, questiona sua própria existência e a dos homens. Estes, em contrapartida, aparecem reificados na artificialidade das ideologias vigentes e no erotismo quase folhetinesco que permeia suas emoções.

João Almino revela seu domínio da arte narrativa sobretudo no caráter fragmentário da montagem romanesca e no fino humor e ironia que perpassam os rápidos capítulos-episódios. Sua requintada prosa-poética se contrapõe à necessária superficialidade do material narrado. Há um achatamento proposital das emoções, que se fundem à paisagem urbana oscilante entre a frieza da Capital e as sequências carnavalescas, onde ocorrem todas as mésalliances do povo brasileiro. Tal distanciamento do que é narrado faz ressaltar de maneira extraordinária a banalização do poder nas relações políticas e humanas. Neste sentido, uma possível leitura trágica do Brasil se dá ironicamente na unidimensionalidade deste mesmo tecido político-social, no qual não falta nenhum dos ingredientes que constituem nosso pobre cotidiano mascarado pelo desfile do samba-enredo.

Jorge Schwartz é professor de literatura latino-americana da Universidade de São Paulo (USP).

Este novo romance de João Almino – autor também do instigante Idéias para onde passar o fim do mundo (1987) -, consegue aquilo que, para muitos, pareceria impossível: apresentar e discutir, pelo viés da alegoria, o cada vez mais incongruente Brasil dos anos noventa.

O carnaval que atravessa o romance tem Brasília e seu torvelinho de intrigas amorosas e palacianas, como espaço privilegiado. A trama – passo a passo narrada, ou registrada, por um computador apaixonado por sua dona, uma escritora – tem por centro o seqüestro e as relacões amorosas e clandestinas do Presidente do Brasil, Paulo Antonio Fernandes. A máquina de narrar, humanizada, questiona sua própria existência e a dos homens. Estes, em contrapartida, aparecem reificados na artificialidade das ideologias vigentes e no erotismo quase folhetinesco que permeia suas emoções.

João Almino revela seu domínio da arte narrativa sobretudo no caráter fragmentário da montagem romanesca e no fino humor e ironia que perpassam os rápidos capítulos-episódios. Sua requintada prosa-poética se contrapõe à necessária superficialidade do material narrado. Há um achatamento proposital das emoções, que se fundem à paisagem urbana oscilante entre a frieza da Capital e as sequências carnavalescas, onde ocorrem todas as mésalliances do povo brasileiro. Tal distanciamento do que é narrado faz ressaltar de maneira extraordinária a banalização do poder nas relações políticas e humanas. Neste sentido, uma possível leitura trágica do Brasil se dá ironicamente na unidimensionalidade deste mesmo tecido político-social, no qual não falta nenhum dos ingredientes que constituem nosso pobre cotidiano mascarado pelo desfile do samba-enredo.

Jorge Schwartz é professor de literatura latino-americana da Universidade de São Paulo (USP).

Este novo romance de João Almino – autor também do instigante Idéias para onde passar o fim do mundo (1987) -, consegue aquilo que, para muitos, pareceria impossível: apresentar e discutir, pelo viés da alegoria, o cada vez mais incongruente Brasil dos anos noventa.

O carnaval que atravessa o romance tem Brasília e seu torvelinho de intrigas amorosas e palacianas, como espaço privilegiado. A trama – passo a passo narrada, ou registrada, por um computador apaixonado por sua dona, uma escritora – tem por centro o seqüestro e as relacões amorosas e clandestinas do Presidente do Brasil, Paulo Antonio Fernandes. A máquina de narrar, humanizada, questiona sua própria existência e a dos homens. Estes, em contrapartida, aparecem reificados na artificialidade das ideologias vigentes e no erotismo quase folhetinesco que permeia suas emoções.

João Almino revela seu domínio da arte narrativa sobretudo no caráter fragmentário da montagem romanesca e no fino humor e ironia que perpassam os rápidos capítulos-episódios. Sua requintada prosa-poética se contrapõe à necessária superficialidade do material narrado. Há um achatamento proposital das emoções, que se fundem à paisagem urbana oscilante entre a frieza da Capital e as sequências carnavalescas, onde ocorrem todas as mésalliances do povo brasileiro. Tal distanciamento do que é narrado faz ressaltar de maneira extraordinária a banalização do poder nas relações políticas e humanas. Neste sentido, uma possível leitura trágica do Brasil se dá ironicamente na unidimensionalidade deste mesmo tecido político-social, no qual não falta nenhum dos ingredientes que constituem nosso pobre cotidiano mascarado pelo desfile do samba-enredo.

Jorge Schwartz é professor de literatura latino-americana da Universidade de São Paulo (USP).

Este novo romance de João Almino – autor também do instigante Idéias para onde passar o fim do mundo (1987) -, consegue aquilo que, para muitos, pareceria impossível: apresentar e discutir, pelo viés da alegoria, o cada vez mais incongruente Brasil dos anos noventa.

O carnaval que atravessa o romance tem Brasília e seu torvelinho de intrigas amorosas e palacianas, como espaço privilegiado. A trama – passo a passo narrada, ou registrada, por um computador apaixonado por sua dona, uma escritora – tem por centro o seqüestro e as relacões amorosas e clandestinas do Presidente do Brasil, Paulo Antonio Fernandes. A máquina de narrar, humanizada, questiona sua própria existência e a dos homens. Estes, em contrapartida, aparecem reificados na artificialidade das ideologias vigentes e no erotismo quase folhetinesco que permeia suas emoções.

João Almino revela seu domínio da arte narrativa sobretudo no caráter fragmentário da montagem romanesca e no fino humor e ironia que perpassam os rápidos capítulos-episódios. Sua requintada prosa-poética se contrapõe à necessária superficialidade do material narrado. Há um achatamento proposital das emoções, que se fundem à paisagem urbana oscilante entre a frieza da Capital e as sequências carnavalescas, onde ocorrem todas as mésalliances do povo brasileiro. Tal distanciamento do que é narrado faz ressaltar de maneira extraordinária a banalização do poder nas relações políticas e humanas. Neste sentido, uma possível leitura trágica do Brasil se dá ironicamente na unidimensionalidade deste mesmo tecido político-social, no qual não falta nenhum dos ingredientes que constituem nosso pobre cotidiano mascarado pelo desfile do samba-enredo.

Jorge Schwartz é professor de literatura latino-americana da Universidade de São Paulo (USP).