João Almino: tetralogia de BrasíliaJoão Almino: tetralogia de BrasíliaJoão Almino: tetralogia de BrasíliaJoão Almino: tetralogia de Brasília

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Correio Braziliense, Caderno C

Domingo, 1.o de março de 2009

Ana Miranda (*)

“A Brasília de João Almino é um lugar de exílio, tema dos mais atuais em todo o mundo, no qual tudo se tornou mais distante e mais próximo, ao mesmo tempo”

O diplomata e escritor João Almino trouxe à luz, recentemente, o quarto livro de sua obra ficcional, mais um romance passado em Brasília. Enigma interessantíssimo. Ele é um escritor de Brasília, por excelência, escreve sempre livros passados em Brasília e tem Brasília como um projeto estético e literário. Não a cidade geográfica, mas a cidade interior, o peso de seu drama, de suas intri gas, de seus contrastes, de sua desordem dissimulada sob geometrias, de sua modernidade ofuscada pela mentalidade de certas esferas, pela pobreza e pelas transformações sociais de nosso país.

Embora tenha nascido no Rio Grande do Norte e crescido em Fortaleza, Ceará, embora tenha lido muito jovem os autores regionalistas nordestinos, elegendo Graciliano Ramos como um modelo e inspiração de estilo, João Almino ambienta seus romances em Brasília. Ele racionaliza, diz que receava ser trag ado pela forte tradição do romance nordestino, sentia que Brasília dava-lhe mais liberdade, ajudava-o a afastar-se dos estereótipos e a pôr sua literatura numa esfera do contemporâneo.

Como seu grande amigo de infância, o arquiteto e músico Fausto Nilo, autor de projetos de uma bela contemporaneidade, João Almino transcendeu o arcaísmo de suas origens e está criando uma obra de tom universalista, a partir de Brasília. A cidade vista como algo criado por brasileiros de todas as regiões, especialmente o Nordeste, que deixaram suas cidades e se instalaram no Planalto Central. Todos estrangeiros, porque Brasília nem mesmo existia. A Brasília de João Almino é um lugar de exílio, tema dos mais atuais em todo o mundo, no qual tudo se tornou mais distante e mais próximo, ao mesmo tempo. É o exílio fundamental da existência humana, ligado à solidão, ao individualismo, à impossibilidade de dois seres perceberem do mesmo modo.

Como Machado de Assis, que raramente descreve o Ri o de Janeiro, mas sentimos a cidade pulsar visceralmente em sua obra, João Almino não mostra Brasília, nem a Brasília do pôr-de-sol, nem a Brasília das linhas, do espaço, das cidades do Entorno, do cerrado, nem a Brasília dos três poderes, nem a Brasília mística… Ele se interessa pelos efeitos, pelas emoções que a cidade tem o poder de causar nos seres humanos que com ela se relacionam. Não por acaso o quarto romance da tetralogia é intitulado O livro das emoções.

Pessoa culta, perf eitamente preparada para o exercício literário, João Almino tem todo um arrazoado teórico para averiguar os motivos de sua escolha geográfica, em plena consciência de sua situação de exilado perpétuo, causada pela própria natureza da profissão de diplomata. Mas ele dá uma chave poética dessa sua localização imaginativa em Brasília, e não é pelo Modernismo da cidade, nem pela carga simbólica da cidade, nem pela afinidade com os exilados…

É algo que, como todas as coisas fundamentais de nossa vida, vem da infância: em Mossoró, o menino ouviu ao pé do rádio a transmissão das festividades de inauguração de Brasília, a grande celebração da obra concluída, com a presença de celebridades mundiais, ao mesmo tempo em que outros milhões de famílias escutavam a mesma narrativa. O escritor conta essa experiência profunda deixando escapar ressonâncias líricas, criativas, como se o sonho tivesse penetrado aquele pequeno ser para sempre, naquele momento, e o sonho fosse espacial, místico, inovador, monumental, assim como Brasília.

Ana Miranda é escritora e escreve quinzenalmente para o Correio Braziliense.

Correio Braziliense, Caderno C

Domingo, 1.o de março de 2009

Ana Miranda (*)

“A Brasília de João Almino é um lugar de exílio, tema dos mais atuais em todo o mundo, no qual tudo se tornou mais distante e mais próximo, ao mesmo tempo”

O diplomata e escritor João Almino trouxe à luz, recentemente, o quarto livro de sua obra ficcional, mais um romance passado em Brasília. Enigma interessantíssimo. Ele é um escritor de Brasília, por excelência, escreve sempre livros passados em Brasília e tem Brasília como um projeto estético e literário. Não a cidade geográfica, mas a cidade interior, o peso de seu drama, de suas intri gas, de seus contrastes, de sua desordem dissimulada sob geometrias, de sua modernidade ofuscada pela mentalidade de certas esferas, pela pobreza e pelas transformações sociais de nosso país.

Embora tenha nascido no Rio Grande do Norte e crescido em Fortaleza, Ceará, embora tenha lido muito jovem os autores regionalistas nordestinos, elegendo Graciliano Ramos como um modelo e inspiração de estilo, João Almino ambienta seus romances em Brasília. Ele racionaliza, diz que receava ser trag ado pela forte tradição do romance nordestino, sentia que Brasília dava-lhe mais liberdade, ajudava-o a afastar-se dos estereótipos e a pôr sua literatura numa esfera do contemporâneo.

Como seu grande amigo de infância, o arquiteto e músico Fausto Nilo, autor de projetos de uma bela contemporaneidade, João Almino transcendeu o arcaísmo de suas origens e está criando uma obra de tom universalista, a partir de Brasília. A cidade vista como algo criado por brasileiros de todas as regiões, especialmente o Nordeste, que deixaram suas cidades e se instalaram no Planalto Central. Todos estrangeiros, porque Brasília nem mesmo existia. A Brasília de João Almino é um lugar de exílio, tema dos mais atuais em todo o mundo, no qual tudo se tornou mais distante e mais próximo, ao mesmo tempo. É o exílio fundamental da existência humana, ligado à solidão, ao individualismo, à impossibilidade de dois seres perceberem do mesmo modo.

Como Machado de Assis, que raramente descreve o Ri o de Janeiro, mas sentimos a cidade pulsar visceralmente em sua obra, João Almino não mostra Brasília, nem a Brasília do pôr-de-sol, nem a Brasília das linhas, do espaço, das cidades do Entorno, do cerrado, nem a Brasília dos três poderes, nem a Brasília mística… Ele se interessa pelos efeitos, pelas emoções que a cidade tem o poder de causar nos seres humanos que com ela se relacionam. Não por acaso o quarto romance da tetralogia é intitulado O livro das emoções.

Pessoa culta, perf eitamente preparada para o exercício literário, João Almino tem todo um arrazoado teórico para averiguar os motivos de sua escolha geográfica, em plena consciência de sua situação de exilado perpétuo, causada pela própria natureza da profissão de diplomata. Mas ele dá uma chave poética dessa sua localização imaginativa em Brasília, e não é pelo Modernismo da cidade, nem pela carga simbólica da cidade, nem pela afinidade com os exilados…

É algo que, como todas as coisas fundamentais de nossa vida, vem da infância: em Mossoró, o menino ouviu ao pé do rádio a transmissão das festividades de inauguração de Brasília, a grande celebração da obra concluída, com a presença de celebridades mundiais, ao mesmo tempo em que outros milhões de famílias escutavam a mesma narrativa. O escritor conta essa experiência profunda deixando escapar ressonâncias líricas, criativas, como se o sonho tivesse penetrado aquele pequeno ser para sempre, naquele momento, e o sonho fosse espacial, místico, inovador, monumental, assim como Brasília.

Ana Miranda é escritora e escreve quinzenalmente para o Correio Braziliense.

Correio Braziliense, Caderno C

Domingo, 1.o de março de 2009

Ana Miranda (*)

“A Brasília de João Almino é um lugar de exílio, tema dos mais atuais em todo o mundo, no qual tudo se tornou mais distante e mais próximo, ao mesmo tempo”

O diplomata e escritor João Almino trouxe à luz, recentemente, o quarto livro de sua obra ficcional, mais um romance passado em Brasília. Enigma interessantíssimo. Ele é um escritor de Brasília, por excelência, escreve sempre livros passados em Brasília e tem Brasília como um projeto estético e literário. Não a cidade geográfica, mas a cidade interior, o peso de seu drama, de suas intri gas, de seus contrastes, de sua desordem dissimulada sob geometrias, de sua modernidade ofuscada pela mentalidade de certas esferas, pela pobreza e pelas transformações sociais de nosso país.

Embora tenha nascido no Rio Grande do Norte e crescido em Fortaleza, Ceará, embora tenha lido muito jovem os autores regionalistas nordestinos, elegendo Graciliano Ramos como um modelo e inspiração de estilo, João Almino ambienta seus romances em Brasília. Ele racionaliza, diz que receava ser trag ado pela forte tradição do romance nordestino, sentia que Brasília dava-lhe mais liberdade, ajudava-o a afastar-se dos estereótipos e a pôr sua literatura numa esfera do contemporâneo.

Como seu grande amigo de infância, o arquiteto e músico Fausto Nilo, autor de projetos de uma bela contemporaneidade, João Almino transcendeu o arcaísmo de suas origens e está criando uma obra de tom universalista, a partir de Brasília. A cidade vista como algo criado por brasileiros de todas as regiões, especialmente o Nordeste, que deixaram suas cidades e se instalaram no Planalto Central. Todos estrangeiros, porque Brasília nem mesmo existia. A Brasília de João Almino é um lugar de exílio, tema dos mais atuais em todo o mundo, no qual tudo se tornou mais distante e mais próximo, ao mesmo tempo. É o exílio fundamental da existência humana, ligado à solidão, ao individualismo, à impossibilidade de dois seres perceberem do mesmo modo.

Como Machado de Assis, que raramente descreve o Ri o de Janeiro, mas sentimos a cidade pulsar visceralmente em sua obra, João Almino não mostra Brasília, nem a Brasília do pôr-de-sol, nem a Brasília das linhas, do espaço, das cidades do Entorno, do cerrado, nem a Brasília dos três poderes, nem a Brasília mística… Ele se interessa pelos efeitos, pelas emoções que a cidade tem o poder de causar nos seres humanos que com ela se relacionam. Não por acaso o quarto romance da tetralogia é intitulado O livro das emoções.

Pessoa culta, perf eitamente preparada para o exercício literário, João Almino tem todo um arrazoado teórico para averiguar os motivos de sua escolha geográfica, em plena consciência de sua situação de exilado perpétuo, causada pela própria natureza da profissão de diplomata. Mas ele dá uma chave poética dessa sua localização imaginativa em Brasília, e não é pelo Modernismo da cidade, nem pela carga simbólica da cidade, nem pela afinidade com os exilados…

É algo que, como todas as coisas fundamentais de nossa vida, vem da infância: em Mossoró, o menino ouviu ao pé do rádio a transmissão das festividades de inauguração de Brasília, a grande celebração da obra concluída, com a presença de celebridades mundiais, ao mesmo tempo em que outros milhões de famílias escutavam a mesma narrativa. O escritor conta essa experiência profunda deixando escapar ressonâncias líricas, criativas, como se o sonho tivesse penetrado aquele pequeno ser para sempre, naquele momento, e o sonho fosse espacial, místico, inovador, monumental, assim como Brasília.

Ana Miranda é escritora e escreve quinzenalmente para o Correio Braziliense.

Correio Braziliense, Caderno C

Domingo, 1.o de março de 2009

Ana Miranda (*)

“A Brasília de João Almino é um lugar de exílio, tema dos mais atuais em todo o mundo, no qual tudo se tornou mais distante e mais próximo, ao mesmo tempo”

O diplomata e escritor João Almino trouxe à luz, recentemente, o quarto livro de sua obra ficcional, mais um romance passado em Brasília. Enigma interessantíssimo. Ele é um escritor de Brasília, por excelência, escreve sempre livros passados em Brasília e tem Brasília como um projeto estético e literário. Não a cidade geográfica, mas a cidade interior, o peso de seu drama, de suas intri gas, de seus contrastes, de sua desordem dissimulada sob geometrias, de sua modernidade ofuscada pela mentalidade de certas esferas, pela pobreza e pelas transformações sociais de nosso país.

Embora tenha nascido no Rio Grande do Norte e crescido em Fortaleza, Ceará, embora tenha lido muito jovem os autores regionalistas nordestinos, elegendo Graciliano Ramos como um modelo e inspiração de estilo, João Almino ambienta seus romances em Brasília. Ele racionaliza, diz que receava ser trag ado pela forte tradição do romance nordestino, sentia que Brasília dava-lhe mais liberdade, ajudava-o a afastar-se dos estereótipos e a pôr sua literatura numa esfera do contemporâneo.

Como seu grande amigo de infância, o arquiteto e músico Fausto Nilo, autor de projetos de uma bela contemporaneidade, João Almino transcendeu o arcaísmo de suas origens e está criando uma obra de tom universalista, a partir de Brasília. A cidade vista como algo criado por brasileiros de todas as regiões, especialmente o Nordeste, que deixaram suas cidades e se instalaram no Planalto Central. Todos estrangeiros, porque Brasília nem mesmo existia. A Brasília de João Almino é um lugar de exílio, tema dos mais atuais em todo o mundo, no qual tudo se tornou mais distante e mais próximo, ao mesmo tempo. É o exílio fundamental da existência humana, ligado à solidão, ao individualismo, à impossibilidade de dois seres perceberem do mesmo modo.

Como Machado de Assis, que raramente descreve o Ri o de Janeiro, mas sentimos a cidade pulsar visceralmente em sua obra, João Almino não mostra Brasília, nem a Brasília do pôr-de-sol, nem a Brasília das linhas, do espaço, das cidades do Entorno, do cerrado, nem a Brasília dos três poderes, nem a Brasília mística… Ele se interessa pelos efeitos, pelas emoções que a cidade tem o poder de causar nos seres humanos que com ela se relacionam. Não por acaso o quarto romance da tetralogia é intitulado O livro das emoções.

Pessoa culta, perf eitamente preparada para o exercício literário, João Almino tem todo um arrazoado teórico para averiguar os motivos de sua escolha geográfica, em plena consciência de sua situação de exilado perpétuo, causada pela própria natureza da profissão de diplomata. Mas ele dá uma chave poética dessa sua localização imaginativa em Brasília, e não é pelo Modernismo da cidade, nem pela carga simbólica da cidade, nem pela afinidade com os exilados…

É algo que, como todas as coisas fundamentais de nossa vida, vem da infância: em Mossoró, o menino ouviu ao pé do rádio a transmissão das festividades de inauguração de Brasília, a grande celebração da obra concluída, com a presença de celebridades mundiais, ao mesmo tempo em que outros milhões de famílias escutavam a mesma narrativa. O escritor conta essa experiência profunda deixando escapar ressonâncias líricas, criativas, como se o sonho tivesse penetrado aquele pequeno ser para sempre, naquele momento, e o sonho fosse espacial, místico, inovador, monumental, assim como Brasília.

Ana Miranda é escritora e escreve quinzenalmente para o Correio Braziliense.