Samba-Enredo, de João Almino. Maurício Melo Junior, Correio Braziliense

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Correio Braziliense, 30 de agosto de 1994

Maurício Melo Júnior

Especial para o Correio

Em pleno Carnaval, depois de participar de homenagem organizada por um deputado gay, Paulo Antônio, o primeiro presidente negro do Brasil, é seqüestrado. No ritmo carnavalesco de um samba-enredo, os suspeitos surgem, a ação corre e as hipóteses mais absurdas são levantadas.

Mas este é apenas o pano de fun­do mais visível do novo romance de João Almino, Samba-Enredo. E, embora este argumento transite por toda a obra e crie aquele gancho necessário à atenção do leitor, o livro traz questões mais profundas a serem vistas, como a eterna prisão de nossas esperanças políticas a um salvador da pátria.

Como complemento ao enredo, Almíno traça histórias paralelas. A principal delas fala do próprio narrador, um computador, que se auto­denomina feminino e atende pelo nome de Gigi. É nele que Silvia, uma roqueira-carnavalesca, filha de Paulo Antônio, incorpora para resgatar a obra do pai e compor um samba-enredo em sua homenagem.

É esta a história que Gigi conta, quase cem anos depois, criando uma linguagem que permite várias leituras e que surge como a grande inovação de Almino. Aqui já não cabem os exercícios metalingüísticos que fizeram o delírio de várias gerações. Dentro de uma lucidez plena, Gigi apenas transita entre passado, presente e futuro buscando seus laços de união e seus conflitos mais latentes.

Outro ponto de destaque está na imensa união das várias culturas que transitam por Brasília. A política está presente em vários momentos, a análise social também e até mes­mo nos motivos do seqüestro e nos sonhos e delírios do presidente. Mas são mesmo os personagens, cantador de viola, cartomante, roqueiro, que formam uma coesa massa de contrastes digna das melhores análises sociológicas.

O melhor é que todos esses ele­mentos nascem cercados pelo humor discreto do escritor. Em alguns momentos, é risível como a desorganização geral de uma sociedade plenamente carnovalizada pode resultar num aumento incessante da confusão.

Aparte isso, Samba-Enredo é um romance extremamente sério. Sua linguagem é enxuta e direta. Suas teorias estão bem fundamentadas e encravadas na trama, o que quebra qualquer sentido academicista. Seu enredo desenvolve-se de maneira correta, envolvendo paulatinamente o leitor. Seu conjunto harmoniza-se encerrando uma obra de peso.

Enfim, com seu Samba- Enredo, João Almino, diplomaticamente, dá um tapa na cara dos profetas anun­ciadores da morte do romance, so­bretudo do romance nacional.

Correio Braziliense, 30 de agosto de 1994

Maurício Melo Júnior

Especial para o Correio

Em pleno Carnaval, depois de participar de homenagem organizada por um deputado gay, Paulo Antônio, o primeiro presidente negro do Brasil, é seqüestrado. No ritmo carnavalesco de um samba-enredo, os suspeitos surgem, a ação corre e as hipóteses mais absurdas são levantadas.

Mas este é apenas o pano de fun­do mais visível do novo romance de João Almino, Samba-Enredo. E, embora este argumento transite por toda a obra e crie aquele gancho necessário à atenção do leitor, o livro traz questões mais profundas a serem vistas, como a eterna prisão de nossas esperanças políticas a um salvador da pátria.

Como complemento ao enredo, Almíno traça histórias paralelas. A principal delas fala do próprio narrador, um computador, que se auto­denomina feminino e atende pelo nome de Gigi. É nele que Silvia, uma roqueira-carnavalesca, filha de Paulo Antônio, incorpora para resgatar a obra do pai e compor um samba-enredo em sua homenagem.

É esta a história que Gigi conta, quase cem anos depois, criando uma linguagem que permite várias leituras e que surge como a grande inovação de Almino. Aqui já não cabem os exercícios metalingüísticos que fizeram o delírio de várias gerações. Dentro de uma lucidez plena, Gigi apenas transita entre passado, presente e futuro buscando seus laços de união e seus conflitos mais latentes.

Outro ponto de destaque está na imensa união das várias culturas que transitam por Brasília. A política está presente em vários momentos, a análise social também e até mes­mo nos motivos do seqüestro e nos sonhos e delírios do presidente. Mas são mesmo os personagens, cantador de viola, cartomante, roqueiro, que formam uma coesa massa de contrastes digna das melhores análises sociológicas.

O melhor é que todos esses ele­mentos nascem cercados pelo humor discreto do escritor. Em alguns momentos, é risível como a desorganização geral de uma sociedade plenamente carnovalizada pode resultar num aumento incessante da confusão.

Aparte isso, Samba-Enredo é um romance extremamente sério. Sua linguagem é enxuta e direta. Suas teorias estão bem fundamentadas e encravadas na trama, o que quebra qualquer sentido academicista. Seu enredo desenvolve-se de maneira correta, envolvendo paulatinamente o leitor. Seu conjunto harmoniza-se encerrando uma obra de peso.

Enfim, com seu Samba- Enredo, João Almino, diplomaticamente, dá um tapa na cara dos profetas anun­ciadores da morte do romance, so­bretudo do romance nacional.

Correio Braziliense, 30 de agosto de 1994

Maurício Melo Júnior

Especial para o Correio

Em pleno Carnaval, depois de participar de homenagem organizada por um deputado gay, Paulo Antônio, o primeiro presidente negro do Brasil, é seqüestrado. No ritmo carnavalesco de um samba-enredo, os suspeitos surgem, a ação corre e as hipóteses mais absurdas são levantadas.

Mas este é apenas o pano de fun­do mais visível do novo romance de João Almino, Samba-Enredo. E, embora este argumento transite por toda a obra e crie aquele gancho necessário à atenção do leitor, o livro traz questões mais profundas a serem vistas, como a eterna prisão de nossas esperanças políticas a um salvador da pátria.

Como complemento ao enredo, Almíno traça histórias paralelas. A principal delas fala do próprio narrador, um computador, que se auto­denomina feminino e atende pelo nome de Gigi. É nele que Silvia, uma roqueira-carnavalesca, filha de Paulo Antônio, incorpora para resgatar a obra do pai e compor um samba-enredo em sua homenagem.

É esta a história que Gigi conta, quase cem anos depois, criando uma linguagem que permite várias leituras e que surge como a grande inovação de Almino. Aqui já não cabem os exercícios metalingüísticos que fizeram o delírio de várias gerações. Dentro de uma lucidez plena, Gigi apenas transita entre passado, presente e futuro buscando seus laços de união e seus conflitos mais latentes.

Outro ponto de destaque está na imensa união das várias culturas que transitam por Brasília. A política está presente em vários momentos, a análise social também e até mes­mo nos motivos do seqüestro e nos sonhos e delírios do presidente. Mas são mesmo os personagens, cantador de viola, cartomante, roqueiro, que formam uma coesa massa de contrastes digna das melhores análises sociológicas.

O melhor é que todos esses ele­mentos nascem cercados pelo humor discreto do escritor. Em alguns momentos, é risível como a desorganização geral de uma sociedade plenamente carnovalizada pode resultar num aumento incessante da confusão.

Aparte isso, Samba-Enredo é um romance extremamente sério. Sua linguagem é enxuta e direta. Suas teorias estão bem fundamentadas e encravadas na trama, o que quebra qualquer sentido academicista. Seu enredo desenvolve-se de maneira correta, envolvendo paulatinamente o leitor. Seu conjunto harmoniza-se encerrando uma obra de peso.

Enfim, com seu Samba- Enredo, João Almino, diplomaticamente, dá um tapa na cara dos profetas anun­ciadores da morte do romance, so­bretudo do romance nacional.

Correio Braziliense, 30 de agosto de 1994

Maurício Melo Júnior

Especial para o Correio

Em pleno Carnaval, depois de participar de homenagem organizada por um deputado gay, Paulo Antônio, o primeiro presidente negro do Brasil, é seqüestrado. No ritmo carnavalesco de um samba-enredo, os suspeitos surgem, a ação corre e as hipóteses mais absurdas são levantadas.

Mas este é apenas o pano de fun­do mais visível do novo romance de João Almino, Samba-Enredo. E, embora este argumento transite por toda a obra e crie aquele gancho necessário à atenção do leitor, o livro traz questões mais profundas a serem vistas, como a eterna prisão de nossas esperanças políticas a um salvador da pátria.

Como complemento ao enredo, Almíno traça histórias paralelas. A principal delas fala do próprio narrador, um computador, que se auto­denomina feminino e atende pelo nome de Gigi. É nele que Silvia, uma roqueira-carnavalesca, filha de Paulo Antônio, incorpora para resgatar a obra do pai e compor um samba-enredo em sua homenagem.

É esta a história que Gigi conta, quase cem anos depois, criando uma linguagem que permite várias leituras e que surge como a grande inovação de Almino. Aqui já não cabem os exercícios metalingüísticos que fizeram o delírio de várias gerações. Dentro de uma lucidez plena, Gigi apenas transita entre passado, presente e futuro buscando seus laços de união e seus conflitos mais latentes.

Outro ponto de destaque está na imensa união das várias culturas que transitam por Brasília. A política está presente em vários momentos, a análise social também e até mes­mo nos motivos do seqüestro e nos sonhos e delírios do presidente. Mas são mesmo os personagens, cantador de viola, cartomante, roqueiro, que formam uma coesa massa de contrastes digna das melhores análises sociológicas.

O melhor é que todos esses ele­mentos nascem cercados pelo humor discreto do escritor. Em alguns momentos, é risível como a desorganização geral de uma sociedade plenamente carnovalizada pode resultar num aumento incessante da confusão.

Aparte isso, Samba-Enredo é um romance extremamente sério. Sua linguagem é enxuta e direta. Suas teorias estão bem fundamentadas e encravadas na trama, o que quebra qualquer sentido academicista. Seu enredo desenvolve-se de maneira correta, envolvendo paulatinamente o leitor. Seu conjunto harmoniza-se encerrando uma obra de peso.

Enfim, com seu Samba- Enredo, João Almino, diplomaticamente, dá um tapa na cara dos profetas anun­ciadores da morte do romance, so­bretudo do romance nacional.